25 de junho de 2014

«Preciso ser um outro - para ser eu mesmo» assim começa o poema de Mia Couto. Uma antítese que não podia estar mais certa. Quantas vezes temos que ser outros para mantermos quem somos?

«No mundo que combato morro 
no mundo por que luto nasço »

Identidade

Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

Sem comentários:

Enviar um comentário