18 de junho de 2010

Liberdade...

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isso
É Jesus Cristo
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Em Fernando Alberto Reis de Campos Pessoa
Edição Alma Azul - LP N.º 4

Saudações encantadas!

1 comentário:

  1. De vez em quando, temos de relativizar as coisas, recolocar cada uma no seu lugar, atribuir-lhe a importância que lhe é devida...
    E quando é alguém como Fernando Pessoa a dizer-nos isto, assim, com todo este desassombro (e certamente, também, muita ironia...), a ideia cala mais fundo. Há que reflectir...
    Viva a Literatura!
    Viva a Vida!
    Viva a Liberdade!

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